DESTAQUEECONOMIA

Depois da capsula Vanessa, Instituto Transires implementa mais de 20 projetos de bioeconomia

Instituto ganhou destaque com o equipamento usado no tratamento de pacientes com Covid, mas tem foco no desenvolvimento de produtos utilizando como base matérias primas regionais, como o peixe

Ana Celia Ossame

Ao contabilizar mais de duas dezenas de produtos da floresta desenvolvidos, entre os quais a chamada Cápsula Vanessa, destinada a pacientes com Covid-19, o Instituto Transire vem se destacando no estado do Amazonas, pelo uso dos recursos renováveis e biológicos na chamada bioeconomia. São produtos que utilizam óleos essenciais e resíduos, hoje sem destinação e que a partir dos projetos serão aproveitados.

O vice-presidente do instituto, Clemilton Gomes, destaca que a missão do Transire é promover o desenvolvimento regional e nacional de produtos e serviços tecnológicos e inovadores capazes de gerar valor aos clientes e comunidade, por meio do conhecimento e das transferências das tecnologias acrescidas.

Seguindo este propósito, o instituto divide suas atividades em ciências químicas, biológicas e engenharia de alimentos.

Há dois anos atuando em Manaus com o foco na pesquisa e desenvolvimento de tecnologias voltadas a soluções para software & hardware e biotecnologia, além de estudos e análises sensoriais e experimentais em ciências físicas e naturais, Clemilton revela que as primeiras dificuldades encontradas estavam relacionadas à liberação de pesquisas por órgãos de certificação, como por exemplo o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa).

Isso porque as inovações produzidas pelas pesquisas não eram ainda do conhecimento comum de órgãos como esse, causando uma demora em processos de certificações.

Catálogo de produtos

Mesmo assim, a engenharia de alimentos conseguiu desenvolver alternativas alimentares a partir da matéria prima mais tradicional de nossa região, como o nosso peixe Amazônico.  “As espécies amazônicas têm um valor nutritivo superior em termos de alimentos em geral. Tem o apelo “fitness” e saudável. Estas alternativas alimentares além de aproveitar a matéria prima local, tem o potencial de gerar novas matrizes econômicas aos ribeirinhos da região”, explicou ele, destacando produtos que já vêm sendo implementados nas pesquisas do Instituto Transire.

Sem poder revelar o teor das pesquisas, por estar ainda dependendo do sigilo de patente, Clemilton afirma que são alternativas que poderão ser utilizadas em substituição à merenda escolar tradicional, além do público em geral, com custo viável e valor nutricional mais eficiente.

“Mas estamos em escala de prontidão tecnológica pré-industrial, sem poder estar no mercado”, disse ele, contabilizando mais de duas dezenas de produtos da Floresta que estão sendo desenvolvidos, entre os quais alguns tendo como base óleos essenciais e resíduos hoje sem destinação e que a partir dos projetos do instituto serão aproveitados.

Como estratégia para o próximo ano, a ideia, segundo Clemílton, é continuar crescendo e buscando o reconhecimento da sociedade e dos “stakeholders”, que são pessoas com interesse na gestão de projetos e investimentos em instituição de pesquisa que entrega produtos de qualidade e que entrega valor a sociedade.

Cápsula Vanessa

Um produto desenvolvido pelo Instituto Transire em parceria com fisioterapeutas do Grupo Samel que ganhou destaque durante esse período da pandemia do Covid-19 foi a cápsula Vanessa.

Com um custo de aproximadamente R$ 450 por unidade, a estrutura do equipamento conta com um sistema de exaustão e filtros antivirais e antibacterianos que renovam o ar e criam um ambiente de pressão negativa em seu interior.

A cápsula é feita de PVC e plástico transparente, permitindo a ventilação não invasiva e impedindo que as gotículas se espalhem no ambiente. A ideia de desenvolver a cápsula se deu por perceber como o uso e respiradores pode ser agressivo aos pacientes. A primeira paciente testada na cápsula, também chamada Vanessa, conseguiu se recuperar da Covid-19 graças à invenção. O nome do aparelho é em homenagem a ela, disse ele.

“Da maneira como desenhamos a cápsula buscamos uma forma que pudesse ser reproduzida por qualquer pessoa de fora. Chegamos a produzir 2.200 unidades, mas liberamos o desenho na Internet para qualquer pessoa pudesse copiá-la e muitas pessoas fossem salvas”, comemora o vice-presidente do instituto.

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