DESTAQUETURISMO

Pandemia paralisa setor do turismo criando uma crise na cadeia de negócios que envolve o setor

Sem turistas nacionais e internacionais, companhias aéreas, hotéis, agências de turismo, restaurantes e outros pontos da cadeia amargam prejuízos

Ana Celia Ossame

Um dos setores mais atingidos pelos efeitos da crise imposta pela pandemia do Covid-19, o turismo continua praticamente estagnado pela falta de clientes em todo o mundo.  No Amazonas, não é diferente, explica Roberto Bulbol, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Amazonas (ABIH-AM), que aposta única e exclusivamente nos efeitos positivos da vacina a partir do ano que vem para mudar esse cenário arrasador, com um índice de ocupação abaixo de 19%.

Sem os turistas, especialmente estrangeiros, que formam o maior público da rede hoteleira local, Bulbol cita os voos cancelados que trazem prejuízos em cadeia: empresas aéreas, hotéis, agências de viagens, empresas de eventos e de passeios, restaurantes, além de guias turísticos.

Roberto Bulbol, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Amazonas (ABIH-AM)

“Não temos saída a não ser com a chegada da vacina”, explica ele, lamentando a indecisão existente hoje sobre o processo de compra de aplicação do medicamento na população, porque só a vacinação em massa vai trazer os turistas de volta.

Também preocupam as constantes notícias do aumento do índice de infecção das pessoas no Estado. “Cada notícia que sai de Manaus na mídia nacional com destaque para o Covid-19 afeta mais ainda o setor de turismo”, observa o presidente da ABIH-AM, porque isso torna-se justificativa para os cancelamentos das poucas reservas feitas nos hotéis locais.

Perdas em cadeia

 “Embora alguns tenham fechado as portas, os que se mantêm trabalham com serviços reduzidos, na expectativa de que a vacina chegue e até meados do ano que vem tenhamos mudanças”, afirma o dirigente da ABIH-AM, lembrando que os resultados virão demoradamente, portanto, quanto mais rápida a vacinação, melhor será a expectativa de retomada do setor.

Nessa época de final de ano, o presidente destaca ser tradicionalmente um período de baixa estação para o turismo no Norte, que será menor ainda com a pandemia.

Para ele, o que resta para os proprietários dos cerca de 170 hotéis registrados no Estado, dos quais 56 fazem parte da ABIH-AM, é que oportunidades sejam criadas para a população viajar novamente.

Embora alerte que, além de mídia positiva, é preciso buscar reduzir os custos do acesso para a região, pois esse é um dos maiores impedimentos ao turismo nacional, Bulbol observa a necessidade de se pensar numa ligação terrestre para o Amazonas para estimular o turismo regional e local.

“Temos que nos preparar, ver os que concorrentes estão fazendo e está dando certo para criar novos atrativos e novos meios de acesso para Manaus além do avião”, finalizou.

Vânia Cabral, diretora da Cabral Expeditions, para não demitir reduziu salários e adotou o sistema home office

Hotéis de selva

Atuar no segmento de hotel de selva nesse ano de pandemia está sendo um aprendizado, afirma a empresária Vânia Cabral, diretora da Cabral Expeditions, que atua no setor com hotéis de selva como Evolução Ecolodg, Pousada Mamori, cuja atividade é voltada para a pesca esportiva no Lago Mamori e hotel Canto dos Pássaros, no município de Presidente Figueiredo.

“Ficamos sem cliente nenhum desde a pandemia, porque o mercado internacional zerou tudo e ainda estamos lutando para voltar, estimulando o mercado regional e brasileiro, que está começando a aquecer”, afirmou a empresária, explicando que para não demitir, usou estratégias como redução de salário e trabalho em home office.

Para 2021, a expectativa é de reaquecimento a partir no segundo semestre, contando com o sucesso da vacina contra o Covid-19. Para ela, que foi uma das empresárias que adotou o ‘Selo Turismo Responsável’ e protocolos de biossegurança contra o covid-19, a estimativa mais otimista é até meados do ano que vem o setor retome pelo menos 40% da demanda anterior à pandemia.

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