AMAZONAS

Um ano de pandemia no Amazonas: profissionais da linha de frente superam limites e cumprem missões que salvam vidas

Encarar desafios, vencer medos e superar limites. Desde que o primeiro caso de Covid-19 foi confirmado no Amazonas, em 13 de março de 2020, os profissionais que atuam na linha de frente do enfrentamento à pandemia não medem esforços para se reinventar e cumprir suas missões, mesmo diante das adversidades impostas pelo coronavírus.

Oferecer acolhimento a pessoas em situação de vulnerabilidade já fazia parte da rotina da especialista em Gestão Pública, Viviane Alves Dutra. Como subcoordenadora de projetos sociais da Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE), Viviane comanda uma equipe de assistentes sociais e psicólogos que presta apoio psicossocial para famílias em processo de reassentamento.

Na pandemia, ela e a equipe somaram esforços aos de outros profissionais que atuam na área social, para dar suporte emocional e informativo aos familiares que perderam seus entes para o Covid-19. O trabalho foi realizado em tendas montadas na frente dos grandes hospitais e unidades do Serviço de Pronto Atendimento (SPA).

“Foi um processo muito humano, para toda a equipe ficou esse sentimento de que esse trabalho transcendeu o que é a experiência profissional. Nós tivemos uma experiência realmente de vida, de humanidade. A gente vivenciou muito o ‘adeus’, o ‘eu te amo’. A gente vivenciou muitas coisas, muitos pedidos de perdão. O que fica de aprendizado para mim é isso, precisamos ser mais humanos”, avaliou Viviane.

Salvando vidas – Para os profissionais da saúde, área de maior importância em meio à pandemia, a batalha contra a Covid-19 exige dedicação e sacrifícios. Na guerra contra um inimigo invisível, médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e outros especialistas tornaram-se verdadeiros heróis.

“Nós pudemos, de uma maneira geral, aprender muito com isso. A sociedade tem que tirar isso como uma grande lição. Os profissionais se reinventando, estudando, se preparando de forma técnica, científica para trabalhar com os pacientes graves, com as complicações. Existem muitos medos, mas ainda há esperança de que tudo isso possa se reverter, que a gente possa se reeducar, que a sociedade possa se sensibilizar”, pontuou o enfermeiro Bruno Enock, que atua em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs).

Ele conta que lidar com as perdas e se colocar no lugar do próximo são aprendizados importantes durante o processo.

“Já perdi muitos amigos, de jovens a mais idosos, acometidos pela pandemia. Já chorei, já sorri com as altas, já bati palma, já me entristeci. Nós conseguimos melhorar como pessoa, dando valor ao próximo, fazendo as coisas com mais amor, mais paciência. A partir do momento em que imaginamos que poderíamos ser nós naquele lugar, naquele leito, ou um ente querido, a gente consegue ter esse pensamento e consegue melhorar”, ressaltou o enfermeiro intensivista.

Educação que transforma – A rotina de estar com os alunos na sala de aula foi interrompida, e os professores precisaram se reinventar para minimizar os impactos da pandemia na educação.

“No nosso caso, na educação, eu vejo que o maior desafio foi tocar esse aluno não estando de frente com ele, ou não estando conectado com ele. Aprender, superar, inovar, foram palavras que nós tivemos que adaptar. Como professores, nós sabemos que a escola é um ambiente extremamente necessário para nós e para eles. E muitas vezes é o único ambiente que eles têm de esperança”, enfatizou a professora de História, Petty Ribeiro, que ministra aulas virtuais do programa “Aula em Casa”, exibidas pela Secretaria de Educação e Desporto, por meio do Centro de Mídias de Educação do Amazonas (Cemeam).

A paixão por ensinar é o que tem a mantido firme, durante o último ano. “A educação, ela é transformadora. Desde pequena eu sempre disse que queria ser professora. Eu sou completamente apaixonada por esse processo, eu me dedico a ele com todas as forças”, disse a professora.

Força e solidariedade – Na força-tarefa para salvar vidas, parte dos servidores da segurança pública estadual atuaram em um dos momentos mais críticos da pandemia no Amazonas: a escassez de oxigênio nas unidades de saúde.

Junto a outros profissionais da segurança, o delegado Juan Valério, coordenador do Grupo Força Especial de Resgate e Assalto (Fera), ajudou a transportar cilindros de oxigênio para hospitais e Serviços de Pronto Atendimento (SPAs) da capital e interior.

“É um trabalho que nós nunca pensávamos que iríamos fazer. Quando eles viram a nossa viatura de longe, começaram a vibrar e gritar muito, muitas pessoas se ajoelhavam. Foi uma comoção muito forte. Eram muitas orações, pessoas querendo se ajoelhar, pessoas querendo nos abraçar”, lembrou.

Durante o trabalho, Juan e os colegas puderam contar com a solidariedade da população. “Eles traziam refeições para a gente, nos davam bebidas também, principalmente à noite, porque, como estava tudo fechado, não tinha onde a gente comer. Quando tudo para, quando tudo não está funcionando, quando o caos é instalado, a polícia, a saúde não param, continuam, independentemente das situações adversas”, enfatizou Juan Valério.

Neste período, a solidariedade tem sido colocada em prática por toda a população. Grupos de voluntários realizaram ações de apoio direcionadas, principalmente, aos profissionais de saúde e aos familiares de pacientes acometidos pela Covid-19.

Com mais de 11 anos de atuação em Manaus, o Grupo Suçuarana, formado por mais de 70 voluntários, tem dado suporte às ações do sistema de segurança. “São momentos que ficarão marcados na minha mente, no meu coração, para o resto das nossas vidas. Eu acho que a maior lição que nós estamos tendo, nesse momento, é a questão da humanidade, que estava deixada de lado por todos nós”, considerou Celso Ventura, diretor regional do Grupo Suçuarana.

Do outro lado das lentes – A missão de informar a população sobre as ações do Governo do Amazonas passa pelo trabalho de profissionais de diversas áreas da comunicação. Com mais de 30 anos de carreira, sendo 15 dedicados à Secretaria de Estado de Comunicação Social (Secom), o repórter cinematográfico Edson Aquino comenta que, mesmo com a vasta experiência, nada se compara à cobertura da pandemia de Covid-19.

“É um ano atípico esse meu último ano, uma coisa completamente diferente de tudo que eu já passei. A gente está lidando com uma pandemia que eu nunca tinha visto. Uma pandemia em que a gente não consegue se abraçar, a gente não consegue se beijar, a gente consegue nada”, pontuou Aquino.

Entre os momentos marcantes, ele destaca o que considera ser o mais positivo. “No primeiro dia da vacinação aqui em Manaus, aquilo foi um alívio para todos nós. Nós tínhamos certeza de que ali já teria uma cura para amenizar o sofrimento de todos nós. Isso foi o ponto positivo dessa pandemia. Eu acho que a maior lição que nós temos que tirar é de que nós temos que ter consciência de que a gente não consegue viver sozinho, nós precisamos uns dos outros”, acrescentou o repórter cinematográfico.

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