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Recuperação das pastagens pode gerar mais receitas que despesas, diz estudo da FGV

Pastagens ocupam mais de 160 milhões de hectares no país, inclusive na Amazônia, onde a atividade tem crescido

Mais de 52% de aproximadamente 160 milhões de hectares ocupados com pastagens no Brasil apresentam algum nível de degradação, especialmente na Amazônia e no Cerrado, revela um estudo desenvolvido pelo Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

A implementação de tecnologias de recuperação dessas pastagens degradadas teria o potencial de gerar receitas mais do que suficientes para compensar esses custos, avaliados em aproximadamente R$ 383,77 bilhões.

A custo médio, para recuperar um hectare de pastagem em estágio moderado de degradação variou entre R$979,42 e R$1.541,37. Por sua vez, o custo médio para reformar um hectare de pastagem severamente degradada variou entre R$1.563,31 e R$2.100,71, informa o estudo.

Os custos operacionais incorridos no processo de recuperação, reforma e manutenção devem-se, principalmente, à etapa do plantio, sobretudo, em função do uso de fertilizantes. No caso das pastagens em estágio severo de degradação, também são expressivos os custos com implementos.

Entre as regiões brasileiras, a Região Sudeste é que apresenta os menores custos de implementação de tecnologias de recuperação e reforma de pastagens degradadas, pelo fato de, aproximadamente, 60% das áreas de pastagens degradadas da região estarem localizadas no bioma Mata Atlântica, onde os preços dos fertilizantes e corretivos são relativamente menores.

Sobre o Plano ABC+, que tem como objetivo recuperar 30 milhões de hectares de pastagens degradadas, entre 2020 a 2030, seriam necessários, aproximadamente, R$42,51 bilhões, em 22 estados brasileiros e no Distrito Federal.

Nesse caso, os maiores custos de recuperação estariam associados aos Estados de Tocantins, São Paulo, Pernambuco e, principalmente, aos Estados de Goiás e Rondônia (nos quais seriam investidos cerca de R$11 bilhões).

No cenário atual, a receita potencial advinda da recuperação de 30 milhões de hectares seria de R$75,55 bilhões resultando em um lucro de R$33,04 bilhões. Um cenário menos otimista, por sua vez, promoveria uma receita de R$44,69 bilhões e, consequentemente, um excedente de R$2,18 bilhões.

A conclusão do estudo evidencia que a implementação de tecnologias de recuperação de pastagens degradadas teria o potencial de gerar receitas mais do que suficientes para compensar os custos incorridos na recuperação de 15 e 30 milhões de hectares de pastagens. Ou seja, dados os resultados ambientais positivos e os benefícios econômicos que pastagens recuperadas podem promover, a tecnologia de recuperação de pastagens degradadas pode ser um instrumento efetivo e viável para potencializar a descarbonização do setor pecuário.

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