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Doença rara leva tradicional restaurante a mudar de nome

Optar por uma dieta alimentar mais saudável tem ganhado cada vez mais adeptos. É o que apontam alguns estudos como o realizado pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), em que 80% dos mais de 3 mil entrevistados disseram que se esforçam para ter uma alimentação saudável. O que pode ser encarado como uma tendência para muitos é regra inegociável para pessoas com a síndrome da quilomicronemia familiar, conhecida pela sigla SQF, uma doença rara, genética e hereditária.

Na dieta diária de pessoas com SQF, o consumo de gordura não pode ser superior a 20 gramas. Isso porque o organismo delas não consegue digerir triglicerídeos, o que resulta na elevação do nível dessa gordura no organismo, causando diversas complicações, entre elas crises de pancreatite. De acordo com a médica cardiologista Maria Cristina Izar, professora de cardiologia da Universidade Federal de São Paulo, alguns dos sintomas mais comuns “são dores abdominais, diarreia, alterações na pele, que podem ser isoladas ou podem ser confluentes agrupadas, isso ocorre frequentemente no tórax, abdômen, nas nádegas, nos braços e nas pernas.”

Maria Cristina explica ainda que a SQF impacta diretamente no convívio social, pois uma das principais formas de controle dos sintomas é alimentação. “É comum que pacientes sofram com uma sobrecarga emocional pela privação de encontros sociais, que naturalmente tendem a envolver refeições, e pela dificuldade de encontrarem pratos que se adequem à dieta deles”, conta a cardiologista.

Com o objetivo de aumentar a conscientização sobre a doença, bem como dar visibilidade para as pessoas com a condição, foi lançada a campanha Comer sem medo, em novembro. O chef Rodrigo Oliveira, que comanda o restaurante paulistano Mocotó, abraçou a causa, que contou com apoio institucional da PTC Therapeutics, biofarmacêutica global. Para isso, o chef criou um menu completo especial com baixíssimo teor de gordura e açúcar, a fim de adequar a gastronomia sertaneja à restrita dieta alimentar de pessoas com síndrome. “Eu me desafio a todo momento e este menu é prova de que nossa culinária também pode ser leve, saudável, inclusiva e agradar paladares exigentes”, conta Rodrigo, que ainda alterou o nome do tradicional estabelecimento, instalado há 49 anos na Vila Medeiros, na zona Norte da capital paulistana, para Mocotó SQF.

Rogério Silva, vice-presidente e gerente geral da PTC Therapeutics no Brasil, explica que comer é um ato social e deveria ser prazeroso, mas para quem tem SQF, isso pode se tornar desafiador e até angustiante. “O nosso propósito é a saúde. Queremos garantir que essas pessoas tenham longevidade e mais qualidade de vida”, explica ele. A fim de facilitar a vida de quem tem SQF, foi lançado ainda o livro “Descobrindo novos sabores: receitas práticas e regionais especialmente adaptadas para SQF” em colaboração com nutricionistas. A edição traz opções de pratos com baixo teor de gorduras, todos atraentes e fáceis de serem desenvolvidos mesmo por quem não tem muita experiência na cozinha.