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No Amazonas, pesquisa analisa condição genética em pacientes para tratamento eficaz da malária

Dez pessoas participaram do grupo estudo, coordenado pelo pesquisador Wuelton Monteiro, da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado, que contou com apoio da Fapeam

Um estudo realizou o levantamento inédito da proporção da deficiência de G6PD (sigla para glicose-6-fosfato desidrogenase), condição genética caracterizada por afetar o sistema de proteção das células humanas, na população de Manaus e em mais 12 municípios do Amazonas.

A pesquisa analisou mais de 2,4 mil pessoas, das quais, 4% apresentaram algum nível de comprometimento de G6PD. O projeto contou com apoio do governo do Estado, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). 

Segundo o coordenador do estudo, pesquisador Wuelton Monteiro, da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), portadores dessa deficiência precisam de um monitoramento especial em caso de contrair a malária, devido ao organismo de pessoas com essa condição não conseguir realizar a defesa de radicais livres (moléculas que causam doenças degenerativas de envelhecimento no corpo humano), gerados pela primaquina, medicamento utilizado no tratamento da malária. 

“A pesquisa revelou informações importantes para subsidiar o tratamento seguro da malária na Amazônia. Até a realização deste estudo, nós não sabíamos bem o quanto de deficiência de G6PD nossa população no Amazonas tem, pois pouquíssimos estudos tinham sido feitos sobre o assunto”, explicou. 

Ciência para saúde

Com isso, a amostragem dessa condição genética em cidades do estado trouxe informações fundamentais para prevenir incidentes e permitir o correto tratamento da malária, no caso de pessoas com G6PD também serem infectadas pela doença.

Ainda de acordo com o pesquisador, o estudo demonstrou que num eventual cenário em que pacientes tiverem, simultaneamente, deficiência de G6PD e malária, precisarão tomar doses menores de primaquina, e por mais tempo e, desta forma, diluir a dosagem total do medicamento ao longo de oito semanas de tratamento, diferente de sete dias, como no caso de pessoas sem deficiência de G6PD.

Alteração genética

A deficiência de G6PD é causada por alteração genética que leva a uma diminuição da quantidade da enzima glicose-6-fosfato desidrogenase no corpo humano. Não há cura para a doença. O que deve ser feito é evitar os fatores que desencadeiam o aumento de radicais livres no corpo, como estresse e doenças infecciosas.

Equipe e repercussão

Dez pessoas participaram do grupo de pesquisa do projeto intitulado “Inquérito sobre a prevalência da deficiência de G6PD no Amazonas: resolvendo uma lacuna para a segurança da cura radical da malária pelo Plasmodium vivax”. 

Iniciado em 2018 e finalizado em 2021, o estudo contou com a participação de pesquisadores vinculados à FMT-HVD, ao Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), à Universidade de Brasília e à Universidade de Barcelona.

A pesquisa está entre os 50 projetos apresentados no “Portfólio: Investimentos e Resultados de Pesquisas do Amazonas”, lançado em janeiro deste ano. O acervo, que reúne pesquisas finalizadas entre 2020 a 2022, está disponível no site da instituição em www.fapeam.am.gov.br. 

Chamada pública

O projeto foi apoiado pelo Governo do Amazonas, via a chamada pública Nº 001/2017 do Programa de Pesquisa para o SUS: gestão compartilhada em saúde (PPSUS).

O programa financia projetos de pesquisa que promovam a melhoria da qualidade da atenção à saúde no Estado do Amazonas no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS), representando significativa contribuição para o desenvolvimento da CT&I local.

Fotos: Érico Xavier – Decon/Fapeam

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