Lixo eletrônico representa riscos e exige soluções seguras
O Brasil está entre os maiores produtores de lixo eletrônico do planeta. Segundo o relatório Global E-waste Monitor 2024, publicado pela ONU, o país gera mais de 2,4 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos por ano, ficando atrás apenas de China, Estados Unidos, Índia e Japão. O problema é que a maior parte desse material não recebe destinação adequada, acumulando-se em lixões ou aterros comuns, sem o devido tratamento ambiental.
O impacto desse descarte é amplo. Equipamentos eletrônicos contêm substâncias altamente nocivas, como mercúrio, chumbo e cádmio. Quando liberados no ambiente, esses elementos contaminam o solo, os rios e até mesmo os alimentos. Diversos estudos já associaram a exposição a metais pesados a doenças renais, neurológicas e problemas no desenvolvimento infantil. Ou seja, o lixo eletrônico mal destinado representa risco direto à saúde humana.
Celulares, computadores e cabos também carregam em sua composição materiais valiosos e cada vez mais escassos, como cobre, ouro, lítio e cobalto. Para cada grama extraído por mineração, há impactos ambientais severos: desmatamento, poluição e emissões de carbono. A reciclagem correta poderia reduzir a dependência da exploração de novas minas, preservando ecossistemas e economizando recursos naturais.
A União Europeia estima que reciclar uma tonelada de placas eletrônicas pode recuperar até 150 gramas de ouro. Esse valor seria equivalente a toneladas de minério explorado, com grande custo ambiental. O conceito de mina urbana mostra que as cidades acumulam recursos preciosos que poderiam ser reaproveitados. Transformar lixo eletrônico em matéria-prima é não apenas uma necessidade ecológica, mas também uma oportunidade econômica.
No Brasil, a Política Nacional de Resíduos Sólidos estabeleceu diretrizes para a logística reversa de eletrônicos. A lei prevê que fabricantes, distribuidores e comerciantes sejam corresponsáveis pelo ciclo de vida dos produtos. No entanto, a implementação ainda é tímida diante da dimensão do problema. O desafio é garantir pontos de coleta acessíveis, sistemas de transporte especializados e infraestrutura de reciclagem capaz de lidar com grandes volumes.
Sérgio Diniz, porta-voz da Ecobraz Emigre, reforça:
"O lixo eletrônico é um desafio ambiental global que exige novas práticas e consciência coletiva. Cada cidadão deve buscar pontos de descarte confiáveis e cada organização assumir sua responsabilidade no ciclo dos eletrônicos. Na Ecobraz, mostramos que é possível unir reciclagem, compensação de carbono e inclusão digital."